O que é o Jornal da Macroeconomia

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Natal, RN, Brazil
O Jornal da Macroeconomia é uma reunião de debates que tem como temática a conjuntura macroeconômica. Idealizado pelo professor do Departamento de Economia da UFRN, Dr. André Lourenço, para servir como instrumento de incentivo ao debate. Teve sua primeira edição realizada no dia 09 de outubro de 2008. Sua formatação inclui a pesquisa e seleção de notícias consideradas relevantes, envolvendo a temática do debate, que são compiladas e apresentadas aos participantes na forma de jornal, seguindo então os debates, tendo como foco as notícias previamente selecionadas. Esse espaço foi criado para disponibilizar as edições anteriores aos interessados, divulgar o Jornal da Macroeconomia e criar um meio eletrônico de realizar esses debates, visando contribuir para o Curso de Economia da UFRN e de outras academias.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

15ª Edição

UFRN – Ano 03 – 15ª Edição – Editado por Andréia Simone, Érica Priscilla, Felipe Luiz, Fernando do Nascimento e Luciano Mariano – Dezembro/2010 – Natal/RN.

Medidas do BC tornarão mais rentáveis aplicações em CDB

Novas normas farão as taxas do CDB aumentar principalmente por causa da atuação dos grandes bancos

Wellton Máximo, da AGÊNCIA BRASIL

Brasília – Ao mesmo tempo em que restringem o crédito, as medidas anunciadas ontem (3) pelo Banco Central (BC) têm reflexo sobre os investimentos. Se o aumento de juros decorrente dessas ações encarece os empréstimos e financiamentos, as taxas mais altas tornarão mais rentáveis as aplicações em certificados de depósitos bancários (CDB).

Os CDB são um dos principais meios pelos quais os bancos captam recursos para emprestar aos clientes. As instituições pegam dinheiro dos aplicadores e, em troca, devolvem a quantia acrescida de juros, que são mais baixos do que os cobrados dos clientes nas operações de crédito. As novas normas farão as taxas do CDB aumentar, principalmente por causa da atuação dos grandes bancos.

Com o aumento do compulsório, quantia que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central, R$ 61 bilhões serão retirados de circulação da economia. Para recomporem o capital, as instituições financeiras, principalmente os grandes bancos, precisarão captar recursos por meio do CDB. Para atrair aplicadores, os bancos oferecerão juros maiores.

Atualmente, os bancos estão pagando em torno de 10% ao ano para captar recursos por meio do CDB. Dependendo do prazo da aplicação, a taxa pode aumentar ou cair um pouco. De qualquer forma, os juros são infinitamente menores que o das operações de crédito. De acordo com o Banco Central, uma operação de cheque especial na instituição que cobra os menores juros tem taxa de 1,98% ao mês, ou 26,52% ao ano.

Além da elevação dos compulsórios pelo Banco Central, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aumentou as garantias que os bancos precisam fazer para arcar com os riscos de inadimplência para vários tipos de financiamentos. Em vez de deixarem R$ 11 imobilizados para cada R$ 100 emprestados, as instituições precisarão ter R$ 16,50 de capital.

A exigência vale para os seguintes tipos de operações: crédito ao consumidor (CDC) de mais de 24 meses, empréstimo consignado (descontado em folha de pagamento) a partir de 36 meses. Para financiamentos de veículos, a nova regra será aplicada conforme o prazo do financiamento e o valor da entrada. As operações de crédito rural, imobiliário e de financiamento ou arrendamento mercantil de veículos de carga permanecem na regra antiga.

Fonte: http://exame.abril.com.br – Em 04/12/10

Banco Central sobe compulsório e retira R$ 61 bilhões da economia

Ao enxugar economia, BC contribui para aumento dos juros bancários.
Com isso, instituição pode ter uma trajetória mais suave nos juros básicos.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) e a diretoria do Banco Central decidiram elevar a alíquota do depósito compulsório (recursos que têm de ser mantidos na autoridade monetária) sobre depósitos à vista de 8% para 12% e, também, sobre depósitos a prazo, que passou de 15% para 20%., informou nesta sexta-feira (3) o presidente da instituição, Henrique Meirelles. As alterações dos compulsórios valem a partir da próxima segunda-feira (6).

Com a medida, o governo está retirando R$ 61 bilhões em da economia brasileira - recursos que não poderão ser mais utilizados pelos bancos para empréstimos a empresas e pessoas físicas.

Meirelles afirmou que a medida visa evitar o surgimento de "bolhas" no mercado de crédito e, também, de riscos para o sistema financeiro. "A crise financeira também mostrou que há uma correlação entre condições excessivas de liquidez do sistema financeiro no curto prazo e solvência no médio prazo", acrescentou ele.

Ao enxugar os recursos existentes para empréstimos das instituições financeiras, o BC contribui para pressionar para cima os juros bancários e isso pode ser uma alternativa à uma subida maior da taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 10,75% ao ano.

A expectativa do mercado financeiro, neste momento, é de que os juros básicos subam 1,5 ponto percentual em 2011, para 12,25% ao ano. O aumento dos compulsórios, e da taxa básica de juros, são formas de o Banco Central tentar conter o crescimento da inflação. Nas últimas semanas, o mercado financeiro tem subido consistentemente a sua previsão de inflação para este ano, que já está em 5,72%, e também para 2011 (5,20%). Ambas acima da meta central de 4,5%, mas dentro do intervalo de tolerância de dois pontos percentuais (entre 2,5% e 6,5%).

"As condições atuais justificam a recomposição das alíquotas dos compulsórios aos níveis pré-crise. Portanto, a diretoria do BC decidiu elevar os recolhimentos das alíquotas dos depósitos a vista e a prazo", informou o presidente da instituição, Henrique Meirelles. Segundo ele, o recolhimento total vai ficar em R$ 10 bilhões acima do que prevalecia antes da crise financeira internacional. "Isso é função da expansão real dos depósitos nesse período", explicou ele.

O presidente do BC confirmou que a definição dos juros, e a política de compulsório da instituição, são "canais complementares". Isso não quer dizer, porém, que a autoridade monetária deixará de fazer eventuais aumentos de juros que julgar necessários - mas sim que pode ter de fazer um movimento menor de elevação.

"As medidas têm reflexo na questão macroeconômica. Quando você diminui a quantidade de recursos na mão do sistema financeiro, pode haver uma tendência, é muito difícil dizer certamente haverá, mas a lógica diz que poderá haver aumento de juro bancário", declarou Aldo Mendes, diretor de Política Monetária do Banco Central.

Fonte: http://g1.globo.com – Em 03/12/10

BC tira R$ 61 bilhões da economia

Com o aumento das reservas que os bancos terão de depositar no BC, o governo afasta a necessidade de alta imediata dos juros

Célia Froufe, Fabio Graner e Renato Andrade

O Estado de S.Paulo

O governo fechou a torneira da liquidez de recursos no mercado. A partir do próximo dia 13, o Banco Central vai retirar de circulação R$ 61 bilhões, por meio da elevação no recolhimento obrigatório pelos bancos dos recursos captados em depósitos à vista (conta corrente) e a prazo (como os CDBs).

Os cálculos do novo compulsório começam a ser feitos na próxima segunda-feira. Mais do que retomar ao patamar anterior à crise financeira internacional, a decisão anunciada ontem de elevar o volume de dinheiro recolhido obrigatoriamente dos bancos ficou R$ 10 bilhões acima do período anterior à turbulência.

Durante o período de tensão global iniciado no final de 2008, o Banco Central passou a injetar o máximo possível de recursos na economia. A reversão das medidas de combate à crise começou em março deste ano, pouco antes de o BC retomar a alta dos juros. Com as medidas de ontem, a autoridade monetária completou esse ciclo.

Os recursos agora serão retirados do mercado em espécie, ficam depositados no Banco Central e passam a ser remunerados pela Selic, a taxa básica de juros, que hoje está em 10,75% ao ano. Com as novas regras, o BC passa a recolher 20% do total de depósitos a prazo.

Adicional. Além disso, haverá adicional de compulsório sobre os depósitos à vista e a prazo, de 8% para 12%.

Com menos dinheiro em circulação, ao lado das medidas diretas para segurar financiamentos de bens de consumo duráveis para pessoas físicas anunciadas ontem, o governo tenta conter a expansão do crédito. "Mas não há, de nenhuma maneira, impedimento ao crédito", garantiu o chefe do departamento de normas, Sérgio Odilon dos Anjos.

De quebra, ao enxugar a oferta de dinheiro no mercado, o BC também ajudou a derrubar a corrente, que começava a ganhar força, que apostava em aumento de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) já na próxima semana. E fortaleceu a avaliação majoritária do mercado financeiro de que a impopular tarefa de aumentar a Selic deverá ficar para algum momento da primeira metade de 2011.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, fez questão de enfatizar que o conjunto de medidas não necessariamente implica numa relação de causa e efeito com a decisão do Copom, mas admitiu que ele terá impacto na atividade econômica e na inflação, que são as miras da política de juros: "Ações macroprudenciais e ações convencionais de política monetária não são substitutas perfeitas, devem ser aplicadas por finalidades específicas."

Equivalência. Segundo o presidente do BC, essa análise foi reforçada nos últimos anos, depois da crise. "A experiência dos bancos centrais sugere que há uma equivalência importante entre ações macroprudenciais, que afetem as condições de crédito e liquidez, e as ações convencionais de política monetária."

O diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes, reconheceu que as medidas devem ter efeito no crédito e na inflação, apesar de não substituir os efeitos da Selic. O curioso é que, ao retomar boa parte dos compulsórios reduzidos na crise, em março passado, Aldo enfatizou por diversas vezes que a medida não tinha impacto na taxa de juros de mercado e na inflação.

Segundo uma fonte do governo, as medidas de ontem podem ajudar a conter a inflação, mas as pressões de preços aumentaram recentemente, com a alta das cotações das commodities (matérias primas), principalmente dos alimentos. A maioria dos analistas econômicos, diz essa fonte, acha que a alta de juros necessária para conter a inflação em 2011 é maior do que os efeitos das medidas anunciadas ontem.

A despeito de reconhecer que as medidas são importantes, a economista-sênior para América Latina do RBS Global Bank, Zeina Latif, salientou que, à luz das expectativas inflacionárias em alta, seria necessário fazer ajuste dos juros. "O mercado entendeu que o BC ganhou tempo. Não é agradável subir os juros, mas, às vezes, é necessário fazer ajuste e seria interessante começar já."

Fonte: http://www.estadao.com.br – Em 04/12/10

Governo espera diminuir dívida pública para 30% do PIB até o fim de 2014

O governo federal trabalhará para reduzir a relação entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos quatro anos. Segundo expectativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a dívida deverá ser de 41% do PIB este ano. Mas, até o final do governo Dilma Rousseff, em 2014, essa taxa deverá cair para cerca de 30%.

“Nossa dívida vem caindo desde 2002 e continuará caindo. Uma meta é chegar ao final do próximo governo em algo como 30%, o que é muito bom, porque os demais países estão com aumento da dívida. A dívida pública está crescendo em todo lugar: Estados Unidos, União Europeia, etc., enquanto isso, estamos diminuindo nossa dívida.”

Durante o governo Dilma, segundo Mantega, a expectativa é que a economia cresça a uma média anual de 6,1%.

O ministro também defendeu a mudança do parâmetro de indexação para o reajuste do preço de serviços, aluguéis e contas de luz. Segundo Mantega, o governo quer, gradativamente, substituir o Índice Geral de Preços (IGP), da Fundação Getulio Vargas, por outros como o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo Mantega, o IGP sofre influência dos preços das commodities (matérias-primas cujos preços são fixados pelo mercado internacional). Mantega disse que, ao refletir preços internacionais, o IGP acaba trazendo distorções para o reajuste de preços dentro do país.

“Por exemplo, quando se fizeram as privatizações na área de energia, os contratos foram feitos com o IGP. À medida que estão vencendo esses contratos, ou novos contratos estão sendo realizados pelas novas concessões, não estamos mais usando o IGP, estamos usando outros indicadores, porque aí fica uma inflação mais estável e mais brasileira”, destacou.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/ - Em 06/12/10

Mantega diz que governo fará corte de gastos públicos em 2011

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (6/12) que o governo federal reduzirá os gastos públicos no ano que vem. Segundo ele, que participou do seminário Diálogos Capitais 2011-2014, no Rio de Janeiro, a ideia é diminuir a demanda do Estado, abrir espaço para a demanda privada e permitir a redução da taxa de juros em 2011.

“Agora que a economia brasileira está recuperada [depois da crise], a partir de 2011, vamos reduzir, por exemplo, gastos de custeio. O Estado vai fazer um ajuste, diminuir subsídios e impedir a constituição de novos gastos. Esse é o desafio que nós temos, mas não é um desafio fácil”, disse Mantega.

De acordo com o ministro, o volume do ajuste ainda será definido pelo Ministério do Planejamento e pela Secretaria do Tesouro Nacional. Ele adiantou que o corte de gastos atingirá todos os ministérios e poderá afetar inclusive o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), já que alguns novos projetos poderão ocorrer em ritmo mais lento.

Mantega também deve pedir ajuda ao Congresso Nacional, para que não sejam aprovados novos projetos de lei que levarão a aumento de gastos públicos, como o reajuste salarial do Poder Judiciário e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, que prevê o aumento do salário de policiais e bombeiros de todo o país. Mantega também pede que o salário mínimo não seja superior a R$ 540.

O ministro disse, no entanto, que o ajuste fiscal a ser feito pelo governo no próximo ano não comprometerá o crescimento econômico. “Não se trata do velho ajuste fiscal do passado, de triste memória, que derrubava a economia”, afirmou.

Segundo ele, ao fazer o ajuste, o governo poderá substituir uma política fiscal por uma política monetária. “Com a redução dos gastos públicos, principalmente de custeio, vamos gerar poupança pública e abrir espaço para a redução da taxa de juros. E, ao reduzir os juros, vamos estimular o setor privado. Esse corte de gastos abre espaço considerável para a redução dos juros, até porque o Brasil ainda está muito defasado em relação ao cenário internacional e isso causa problemas, inclusive, com o câmbio”, disse Mantega.

O ministro afirmou que, dentro de duas semanas, o governo deve anunciar medidas para estimular o aumento do crédito privado de longo prazo, para diminuir o volume de crédito oferecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mantega disse ainda que o governo federal também terá desafios, a partir do ano que vem, na redução de tributos sem desequilibrar as contas públicas, na manutenção do equilíbrio das contas externas e para evitar a valorização do real frente a outras moedas. “Não é uma briga fácil. Por isso, chamo de guerra cambial”, disse.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br – Em 06/12/10

Com menos dinheiro na economia, bancos
devem dificultar empréstimos em 2011

Mudanças podem envolver cadastro mais restritivo como redução do prazo de financiamento

Os bancos devem segurar a oferta de empréstimos ao consumidor, seja por meio de financiamentos de veículos, crédito pessoal ou consignado (com desconto em folha de pagamento) após a decisão do Banco Central de retirada de R$ 61 bilhões dos bancos para frear a economia.

A saída desse dinheiro envolve uma mudança nas regras do compulsório (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar depositado no Banco Central), já que essa grana é usada pelas instituições financeiras para oferecer crédito a empresas e consumidores.

O BC anunciou também novas regras para a concessão de empréstimos, que entram em vigor somente em 1º de julho do ano que vem. Os bancos terão que contar agora com uma reserva maior de dinheiro, porque o capital que as instituições são obrigadas a manter para conceder o crédito aumentou de 11% do valor do empréstimo para 16,5%. Ou seja, de cada R$ 1.000 emprestado, os bancos terão que ter em caixa R$ 165. Hoje, a obrigação é de R$ 110. Isso se a entrada for menor do que 20% do valor do bem.

A regra vale para os empréstimos com desconto em folha de pagamento com prazo a partir de 36 meses e financiamentos de veículos acima de 24 meses (dependendo do valor da garantia), entre outros. Somente os financiamentos imobiliários, de crédito rural e compra de veículos de carga (ônibus e caminhões) estão fora.

Com a medida, os bancos devem reduzir os prazos dos empréstimos e exigir entradas maiores nos financiamentos, o que é ruim para o consumidor, segundo Andrew Frank Storfer, presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

- Os bancos terão que fazer uma reserva maior para oferecer o financiamento. O que antes eras feito em até 60 meses ou em 36, agora não deve passar de 24 meses. A entrada [na compra] também deverá mudar, para que eles consigam manter uma taxa baixa de juros ao consumidor.

Os bancos devem absorver as novas regras antes mesmo de elas entrarem em vigor, segundo Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

- Ainda é cedo para avaliar as repercussões, acho que os bancos estão “digerindo” o anúncio. Do ponto de vista de quem trabalha no setor, a gente está em um momento de expectativa, já que os custos dos financiamentos podem aumentar [...]. Pode ser que a avaliação cadastral [do consumidor] possa ficar mais restritiva.

Somente no mês de outubro, o volume de crédito do sistema financeiro atingiu R$ 1,6 trilhão, o equivalente a 47,2% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, de toda a riqueza produzida no Brasil. Storfer ressalta que o volume recorde foi garantido em boa parte pelos financiamentos de veículos, que devem sofrer uma retração a partir do ano que vem.


FONTE: http://noticias.r7.com/ - Em 06/12/10