O que é o Jornal da Macroeconomia

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Natal, RN, Brazil
O Jornal da Macroeconomia é uma reunião de debates que tem como temática a conjuntura macroeconômica. Idealizado pelo professor do Departamento de Economia da UFRN, Dr. André Lourenço, para servir como instrumento de incentivo ao debate. Teve sua primeira edição realizada no dia 09 de outubro de 2008. Sua formatação inclui a pesquisa e seleção de notícias consideradas relevantes, envolvendo a temática do debate, que são compiladas e apresentadas aos participantes na forma de jornal, seguindo então os debates, tendo como foco as notícias previamente selecionadas. Esse espaço foi criado para disponibilizar as edições anteriores aos interessados, divulgar o Jornal da Macroeconomia e criar um meio eletrônico de realizar esses debates, visando contribuir para o Curso de Economia da UFRN e de outras academias.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

14º Edição

UFRN – Ano 03 – 14ª Edição – Editado por Andréia Simone, Elivânia Melo, Érica Priscilla, Felipe Luiz, Fernando Nascimento e Luciano Mariano – Novembro/2010 – Natal/RN.

EUA injetarão US$ 600 bilhões na economia
Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) anunciou nesta quarta-feira que injetará US$ 600 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) na economia americana até junho de 2011 por meio da compra de títulos do Tesouro de longo prazo.
A medida – chamada de relaxamento quantitativo – já era aguardada, mas analistas de mercado esperavam um valor menor, entre US$ 300 bilhões e US$ 500 bilhões.
O valor anunciado significa investimento de cerca de US$ 75 bilhões por mês nos próximos oito meses.
Esta é a segunda vez que o Fed recorre esse tipo de medida. Durante o auge da crise econômica mundial, entre 2008 e 2009, foram investidos US$ 1,75 trilhão na compra de títulos.
Além disso, o banco central americano já anunciou que irá reinvestir entre US$ 250 bilhões e US$ 300 bilhões em rendimentos de títulos lastreados em hipotecas na compra de dívidas do Tesouro até o final de junho do próximo ano.
Relaxamento quantitativo
A nova decisão foi anunciada após reunião do Federal Open Market Committee (Fomc, na sigla em inglês, órgão equivalente ao Comitê de Política Monetária brasileiro).
O objetivo do relaxamento quantitativo é baixar os juros de longo prazo e, assim, aumentar a liquidez e estimular a demanda.
A medida geralmente adotada por governos para impulsionar a economia é baixar a taxa de juros.
Os Estados Unidos, porém, não têm essa opção, porque a taxa de juros no país já está próxima de zero, e não há mais espaço para baixar.
Com o relaxamento quantitativo, o governo americano vai, na prática, imprimir dinheiro para comprar os títulos de longo prazo.
Segundo o Fed, o programa será revisado periodicamente e ajustado conforme a necessidade.
Última oportunidade
A medida é vista por alguns analistas como uma última oportunidade de estimular a economia do país.
Os Estados Unidos saíram da recessão em junho de 2009 (depois de 18 meses), mas o ritmo da recuperação é considerado insuficiente para baixar a taxa de desemprego, que há vários meses permanece próxima de 10%.
Os dados mais recentes, divulgados na semana passada, indicam que o PIB (Produto Interno Bruto) americano cresceu apenas 0,5% no terceiro trimestre (o que representa uma taxa anualizada de 2%).
O ritmo lento da recuperação econômica é considerado um dos fatores que motivaram os eleitores americanos a tirar do Partido Democrata a maioria na Câmara dos Representantes (deputados federais)
O partido do presidente Barack Obama sofreu uma derrota histórica nas eleições legislativas desta terça-feira, ao perder 60 cadeiras da Câmara dos Representantes que estavam em seu poder para candidatos da oposição, dando assim o controle da Casa ao Partido Republicano.
Nesta quarta-feira, o próprio Obama admitiu que o resultado demonstra a “profunda frustração” dos americanos com o ritmo lento da recuperação da economia.
Emergentes
Um dos temores é que a medida anunciada pelos Estados Unidos possa aumentar ainda mais o fluxo de capital estrangeiro para mercados emergentes, como o Brasil – que tem uma das mais altas taxas de juros do mundo.
O governo brasileiro vem adotando medidas para conter essa entrada de capital e interromper a trajetória de desvalorização do dólar frente ao real.
Um real muito valorizado torna as exportações brasileiras menos competitivas no mercado externo.
No entanto, como a medida do Fed já era aguardada pelo mercado, a Bolsa de Valores de São Paulo se manteve em alta após o anúncio.
Quem diria... USA tentando sair da crise
Terça-feira 04/11/2010
O Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) anunciou nesta quarta-feira (3) que irá adquirir mais US$ 600 bilhões em títulos públicos até a metade do próximo ano, o chamado "quantitative easing". A medida é uma tentativa de impulsionar a lenta recuperação econômica do país, reduzindo ainda mais os custos dos empréstimos para consumidores e empresas, que ainda sofrem com o período posterior à pior recessão desde a Grande Depressão.
O anúncio ocorre ao final da reunião de dois dias que também decidiu por manter a taxa básica de juros da economia e 0 e 0,25% ao ano. O banco central também reiterou que as taxas de juro ficarão baixas por período prolongado.
A ajuda consiste, basicamente, em comprar grandes quantidades de títulos detidos pelos bancos comerciais como forma de injetar recursos no sistema financeiro. Com a taxa de juros já tão próxima a zero, o “quantitative easing” é visto como uma das poucas formas restantes de aumentar os recursos em circulação.
Como resultado, ocorre um aumento nas reservas dos bancos comerciais, que passam a poder emprestar mais. A liquidez maior, em teoria, impulsiona o crescimento da economia, aumenta as perspectivas de inflação e reduz as taxas de juros reais.
"O Comitê tem a intenção de comprar mais US$ 600 bilhões em títulos de longo prazo do Tesouro até o final do segundo trimestre de 2011, a um ritmo de cerca de US$ 75 bilhões por mês. O Comitê irá rever regularmente seu ritmo de compras de títulos e o tamanho total do programa de compras tendo em vista novas informações e irá ajustar o programa conforme necessário, de forma a promover a maior criação de empregos e estabilidade de preços", afirmou o Fed em comunicado.
O primeiro programa de compra de bônus do governo pelo Fed, de US$ 1,75 trilhão, foi executado entre dezembro de 2008 e março de 2010 e teria ajudado as atividades quando os EUA foram atingidos pela crise financeira e por uma profunda recessão.
O Fed indicou que o ritmo de recuperação da economia e de criação de empregos continua lento. Os gastos das famílias têm crescido gradualmente, mas seguem limitados pelo alto desemprego, baixo crescimento da renda e crédito restrito. "Os empregadores seguem relutantes em aumentar suas folhas de pagamento", diz o órgão.
Fonte: http://www.qqesse.com.br

Governo discute medidas para estimular financiamento privado, diz presidente do BNDES
Alex Rodrigues / Agência BrasilEdição: Juliana Andrade
24 de novembro de 2010

O governo federal discute os acertos finais de um pacote de medidas para estimular o setor privado a ampliar o nível de investimentos, sobretudo em infraestrutura. Segundo o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, as “microrreformas” são necessárias para que se crie, no país, um modelo de financiamento privado voluntário de longo prazo.
“Hoje, todo o financiamento de longo prazo está concentrado numa única instituição, que é o BNDES, e isso não é desejável, já que a escala de investimentos precisa subir muito e seria impossível a sustentação do atual modelo”, afirmou Coutinho, referindo-se à necessidade de que a atual taxa de investimento, de cerca de 19% do Produto Interno Bruto (PIB), atinja pelo menos 23% nos próximos anos – sem que, para isso, o BNDES tenha que ampliar seu volume de empréstimos.
Segundo ele, o aumento da taxa de investimentos é necessário para permitir que a economia brasileira continue crescendo de forma sustentável.
“É imperioso que se desenvolva um modelo de financiamento privado voluntário e as microrreformas são necessárias para induzir, de maneira suave, tranqüila, esse novo modelo”, disse Coutinho, sem detalhar que medidas estão sendo discutidas pela equipe econômica e os integrantes da equipe de transição que prepara o próximo governo. De acordo com ele, a presidenta eleita, Dilma Rousseff, está de acordo com a necessidade de conceder estímulos ao crédito privado.
“Não há nenhuma medida pirotécnica, bombástica, ou qualquer atropelo à poupança. O que pretendemos é dar um tratamento amigável para que o setor privado possa emitir papéis de longo prazo com um tratamento tributário calibrado e regras tributárias mais favoráveis”, declarou Coutinho.
O presidente do BNDES explicou que a intenção do governo é que, com as novas condições, o sistema de financiamento privado leve três ou quatro anos para estar suficientemente “robusto” e passar a atender à crescente demanda por financiamentos de médio prazo.
“A ideia é criar um mercado de crédito e financiamento de maturidade média e prazos intermediários. É difícil imaginar que, já num primeiro momento, o mercado possa vir a suprir créditos de longuíssimo prazo, mas acredito que créditos de quatro a sete anos para os setores industrial e de serviços poderão sim vir a ser supridos pelo mercado”, disse Coutinho. Ele destacou que, embora as taxas de juros cobradas pelo setor privado inicialmente possam ser mais altas do que as do BNDES, a proposta do governo é que, “em médio prazo”, elas sejam convergentes.
Fonte: http://www.oeconomista.com.br/
Os maus sinais da inflação
24 de novembro de 2010 10h54
Rolf Kuntz

Financiar trem-bala não é função do Banco Central (BC). Combater a inflação, sim. O lembrete poderia ser inútil em outro momento, mas não agora, diante da incerteza quanto ao papel e ao poder da autoridade monetária no futuro governo. Nenhum temor é absurdo, quando o Tesouro é autorizado a usar R$ 25 bilhões como garantia financeira de um projeto ferroviário mal esboçado, contestado e de retorno duvidoso, mas defendido como prioritário pela presidente eleita. O lembrete sobre a missão do BC também é oportuno, agora, porque a inflação do feijão já era: os aumentos estão muito mais espalhados. Esse é um bom assunto para a presidente eleita e para a pessoa escalada para cuidar dos juros a partir de janeiro. Dois terços dos preços pagos pela maioria das famílias foram arrastados pela onda de aumentos, segundo a última pesquisa do IPCA-15, realizada entre 14 de outubro e 12 de novembro e divulgada ontem pelo IBGE. O efeito da onda é crescente. A alta de preços havia atingido 62,2% dos itens no período coberto pela pesquisa encerrada há um mês.
Com a nova coleta vieram, portanto, duas más notícias. Em primeiro lugar, a inflação ganhou impulso, passando de 0,62% em outubro para 0,86% em novembro, segundo esse indicador. Em segundo, as pressões inflacionárias, além de mais fortes, tornaram-se mais amplas. A aceleração é confirmada pelo exame dos chamados núcleos de inflação, calculados sem os preços mais instáveis dos alimentos e combustíveis.
Também a Fundação Getúlio Vargas apontou inflação em alta: na terceira medição do mês, correspondente aos 30 dias encerrados em 22 de novembro, o IPC-S variou 0,85%. Um mês antes o aumento apurado havia sido 0,66%. O índice de difusão, 64,8%, foi um pouco menor que o da terceira pesquisa de outubro, 65,4%, mas confirmou a tendência de aumentos bem espalhados pela economia.
Os dois fenômenos – a aceleração e a difusão dos aumentos – são sinais de pressão de demanda, segundo alguns analistas. Não há nada incomum nessa avaliação. A forte demanda é refletida também nas contas do comércio exterior. O Brasil gastou neste ano US$ 160,1 bilhões com importações até a terceira semana de novembro, 43,9% mais do que um ano antes. O valor exportado, US$ 175,4 bilhões, foi 30,8% maior que o de igual período de 2009.
Esse descompasso é em parte explicável pela valorização do real, mas o efeito do câmbio seria certamente menor, se a economia estivesse menos aquecida e a demanda interna fosse menos intensa. Além do mais, o dólar barato tem contribuído para limitar os aumentos. Sem esse amortecedor, os consumidores estariam bem mais assustados com a alta de preços. É bom levar em conta esse dado ao avaliar os indicadores de inflação.
Pelo menos dois fatores poderão afetar os preços nos próximos meses. A União Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional estão mobilizados para ajudar os países da Europa em situação mais precária, como a Irlanda e a Grécia. Mas há outros vulneráveis à ação desestabilizadora dos mercados financeiros. Se a situação europeia desandar, o dólar poderá subir e o Brasil ficará menos protegido contra as pressões inflacionárias.
O outro perigo está no mercado internacional de produtos básicos, sensível tanto às variações na oferta e na demanda quanto às decisões dos especuladores financeiros. Está prevista para 2011 uma oferta global de alimentos mais apertada que a de 2010. Não haverá realmente escassez, mas a mera perspectiva de redução de estoques é em geral suficiente para elevar as cotações. Esse efeito é ampliado, e às vezes consideravelmente, quando há insegurança nos mercados financeiros e grandes volumes de dinheiro são desviados para o mercado de commodities. Isso ocorreu antes da crise de 2008 e poderá ocorrer de novo, se o risco financeiro aumentar ou se os países emergentes se tornarem menos interessantes.
Se a presidente eleita tiver uns 50% da sorte de seu antecessor, esse quadro poderá tornar-se menos preocupante nos próximos meses. Seu governo, então, será iniciado diante de um cenário externo menos sombrio. Mas ainda haverá uma coleção respeitável de riscos internos. Na melhor hipótese, será preciso enfrentar o rescaldo das atuais pressões inflacionárias, administrar um orçamento pouco flexível e com excesso de custeio improdutivo. Será necessário, também, conter a deterioração das contas externas. Se não houver uma reversão, em 2012 o déficit em conta corrente estará em 4% do PIB. Mas tudo será bem pior, em dois anos, se o caminho escolhido for o da complacência com a gastança e do descuido diante das pressões inflacionárias.
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/rolf-kuntz/

Reservas internacionais alcançam US$ 260 bilhões, diz BC
Elevação reflete oscilação dos ativos das reservas e compra de dólares.Colchão de recursos foi utilizado pelo governo durante a crise financeira.

As reservas internacionais do país subiram mais uma vez na segunda-feira (9) e superaram a casa dos US$ 260 bilhões. Dados divulgados pelo Banco Central hoje mostram que o montante aumentou US$ 276 milhões na segunda-feira, de US$ 259,729 bilhões para US$ 260,005 bilhões no conceito de liquidez internacional.
A elevação reflete, entre outros aspectos, a oscilação do valor de mercado dos ativos que compõem as reservas, como os títulos da dívida norte-americana, e a compra de dólares realizada pelo BC em 5 de agosto de 2010.
O que é?
Reserva internacional ou cambial é o volume de dólares que o país tem em caixa. O governo acumula a moeda norte-americana de duas formas: comprando dólares no mercado ou fazendo emissões de títulos da dívida pública - que são comprados pelos investidores e cujo pagamento é depositado nas reservas. As reservas também podem variar por conta da remuneração das aplicações que são feitas com estes recursos - a maior parte em títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
A grande vantagem de ter dólares em caixa é que isso dá garantias contra eventuais crises no mercado internacional, como a da Rússia, em 1998, e a crise financeira que atingiu a economia internacional no ano passado. Com os dólares, o país tem mais autonomia. Durante a crise, o BC chegou a vender cerca de US$ 14,5 bilhões para conter a subida do dólar, e também utilizou o colchão de recursos para fornecer linhas de crédito para os exportadores brasileiros.
Histórico das reservas
As reservas chegaram ao fundo do poço no fim de 1998 e início de 1999, logo após o anúncio de moratória (não pagamento da dívida externa) por parte da Rússia. Naquele momento, houve uma fuga de capitais de todos os países emergentes, inclusive do Brasil, e, para manter o câmbio fixo, o Banco Central, sob a tutela de Gustavo Franco, teve de lançar mão das reservas e vender dólares ao mercado financeiro para segurar a cotação do real. Naquela época, as reservas já haviam caído para US$ 24,45 bilhões.
Com a adoção do câmbio flutuante, ou seja, sem metas para a taxa de câmbio, as reservas deixaram de ser utilizadas para conter a subida do dólar. A conseqüência imediata foi a disparada da moeda norte-americana para cerca de R$ 3,00. Entretanto, até o fim daquele ano já retornaria para um patamar ao redor de R$ 2,00 por dólar em conseqüência ao aumento da taxa básica de juros da economia.
Recomposição e aplicações
No início de 2004, com a melhora do cenário externo, foi instituído formalmente o processo de recomposição das reservas internacionais - por meio da compra de dólares no mercado à vista pelo BC. Em 2004, o BC comprou US$ 5,2 bilhões e, em 2005, outros US$ 21,5 bilhões.
No ano de 2006, as compras somaram US$ 37,2 bilhões e, em 2007, bateram recorde ao somar US$ 78,5 bilhões. Em 2008, o BC adquiriu US$ 7,5 bilhões e, em 2009, adquiriu mais US$ 24 bilhões no mercado à vista.
A aplicação das reservas em títulos públicos de outros governos, e a continuidade das captações externas, também permitiu o seu crescimento nos últimos anos.
Fonte:
http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/08/reservas-internacionais-alcancam-us-260-bilhoes-diz-bc.html.

Patrimônio, dívidas boas e dívidas ruins
por Fábio Portela - seção
Finanças Pessoais
em 09/11/2010

Uma das principais dificuldades para que alguém construa uma vida financeiramente estável são as dívidas assumidas. Muitas vezes, as pessoas se endividam porque gastam com coisas que não acrescentam muito nas suas vidas: passeios nos lugares da moda, compra de objetos desnecessários, trocas desnecessárias de carro, viagens constantes para o exterior e outras “coisinhas” que, ao longo do tempo, representam gastos substantivos.
Essas dívidas são, de um ponto de vista estritamente financeiro, dívidas ruins. Não acrescentam em nada ao
patrimônio e podem comprometê-lo no curto e, ainda pior, no longo prazo. Mesmo que o orçamento não se torne deficitário com essas despesas, ao longo de dez ou quinze anos o dinheiro gasto com elas seria o suficiente para adquirir um patrimônio que realmente faria diferença em sua qualidade de vida, como comprar uma boa casa, obter uma renda mensal para troca de carro , ir para o exterior anualmente e realizar todas as despesas anteriormente descritas.
A diferença é que, nesse caso, não se estaria destruindo o patrimônio, mas usufruindo dele de maneira sustentável. Afinal, quem “pagaria a conta” seria a renda decorrente do patrimônio acumulado e não o salário mensal. Independência financeira, por assim dizer.
Uma maneira de impulsionar os investimentos é assumir dívidas boas. Dívidas ruins são como ervas daninhas, que dificultam o crescimento de sua árvore do dinheiro. Dívidas boas, por outro lado, são um poderoso incremento para os seus investimentos. Elas não são efetuadas para o consumo, mas para aumentar o poder de crescimento do dinheiro. Um exemplo de dívida boa é o financiamento de um imóvel a baixo custo e subvalorizado, para alugar.
Um exemplo poderia ilustrar o ponto a ser destacado: digamos que o valor do imóvel a ser financiado seja de R$ 200.000,00. Se o investidor pagar uma entrada de R$ 50.000,00 e conseguir alugar o imóvel por R$ 2.200,00, com prestações do financiamento em 30 anos de R$ 1.500,00, obterá uma rentabilidade de 1% sobre o valor investido: afinal, o
investidor pagou R$ 50.000,00 e recebe, líquido, R$ 500,00 por mês (R$ 2.200,00 do aluguel subtraídos R$ 200,00 de imposto de renda e R$ 1.500,00 de prestação).
Se ele conseguir financiar pelo sistema SAC, as prestações serão decrescentes, mas os aluguéis serão crescentes – ou seja, em pouco tempo, os seus R$ 50.000,00 estarão rendendo, líquido, mais de 1% ao mês, além de uma eventual valorização do imóvel. Em 30 anos, se o investidor não resolver antecipar o pagamento das prestações, ele terá um imóvel de R$ 200.000,00, que rendeu aluguel por 30 anos, e pelo qual ele pagou R$ 50.000,00, já que os aluguéis pagaram as prestações.
Esse financiamento fictício é um fantástico exemplo de dívida boa. Observe, contudo, que não estou incentivando o investimento em imóveis: o exemplo é absolutamente hipotético – o objetivo foi apenas ilustrar minha linha de raciocínio.
Outro exemplo de dívida boa pode ser o de investir em ações, em períodos de crise, com dinheiro emprestado. Imagine a situação de alguém que, em outubro de 2008, no ápice da crise, decidiu tomar um empréstimo de R$ 30.000,00 a uma taxa de 20% ao ano para investir em ações de boas empresas que estavam irracionalmente subvalorizadas.
Como o preço das ações estava muito baixo, mesmo se as ações caíssem abaixo dos 29.000 pontos (que foi o fundo do poço na última crise), elas provavelmente se recuperariam rapidamente. Hoje, seus R$ 30.000,00 poderiam ter se transformado em, pelo menos, R$ 60.000,00. O empréstimo poderia ser pago e o investidor teria tido um lucro excelente sobre o dinheiro emprestado. Ou seja, a dívida foi utilizada para aumentar o patrimônio.
O principal fator a ser considerado antes de contrair uma dívida boa é que ela deve render lucros cuja rentabilidade seja substancialmente maior do que os custos da dívida assumida. Se os juros pagos e demais encargos empatam com os lucros ou são superiores a eles, não faz o menor sentido assumir essa dívida.
Um exame razoável do investimento deve garantir que sua rentabilidade seja substancialmente maior do que o custo do empréstimo, para mais do que compensar o risco de que algo dê errado (por exemplo, de que o imóvel fique muito tempo sem alugar ou de que as ações não se valorizem como o previsto). Isso só pode ser calculado depois de muito estudo sobre os investimentos.
O investidor deve aprender a distinguir dívidas boas e dívidas ruins. O que parece uma dívida boa de início pode ser, na verdade, um engodo. Algumas pessoas, por exemplo, consideram razoável financiar um carro porque consideram que estão tomando uma dívida para construir patrimônio. Embora um carro tenha valor patrimonial, seu valor somente diminuirá ao longo do tempo (depreciação), ao passo que o banco estará recebendo os juros do financiamento normalmente. O financiamento de um carro só é investimento para a instituição financeira.
É claro que não estou defendendo que você deixe de viajar ou de curtir alguns dos prazeres que o
dinheiro pode comprar. Mas é imprescindível usufruir da vida de maneira organizada e planejada, possibilitando que seu patrimônio, aos poucos e com a ajuda dos juros compostos, transforme suas economias, literalmente, em uma árvore de dinheiro.
Vez ou outra é importante assumir "despesas ruins". Ir a um jantar em um restaurante da moda, comprar uma roupa mais cara ou fazer uma viagem ao exterior eventualmente faz parte da vida. Mas a grande questão é a necessidade de se planejar para que essas despesas estejam dentro do orçamento e não inviabilizem a acumulação do patrimônio no longo prazo – que, como já apontei, pode permitir um padrão de vida infinitamente superior no futuro.
Fonte: blogs.estadao.com.br/jpkupfer/

SE ELES ABREM A PORTEIRA LÁ, VAI TER DE FECHAR AQUI
José Paulo Kupfer em 04/11/2010

Conforme largamente anunciado, o Fed inundou a praça com mais US$ 600 bilhões. Se é muito, se é pouco, se é certo, se é errado, são temas a desenvolver. O que não deixa dúvida é que economias como a brasileira serão afetadas e terão de reagir.
A avalanca de dólares que se imagina tenderão a ser aspirados pelo mercado brasileiro não deixa de ser um estímulo forte à correção mais acelerada de problemas estruturais. Mas a constatação de que é preciso empreender uma limpeza do campo para uma redução consistente da taxa de juros não conflita com a adoção de medidas de emergência para evitar crises agudas.
Do lado estrutural é mais do que hora de promover ajustes fiscais, aprimoramentos no sistema de metas de inflação, faxinas no mercado financeiro – rigidez da remuneração dos depósitos de poupança e LFT, estas últimas zumbis muito vivos do velho overnight -, reorganização dos estatutos de defesa comercial e programas de política industrial visando à competitividade.
Já as medidas de emergência devem obedecer ao ritmo ditado pela ação e do Fed – e de seu espelho refletido, a China. Simples: eles abrem a porteira lá, a gente fecha aqui.
Resta torcer para que a economia mundial não chegue num ponto de salve-se quem puder. Infelizmente, este ponto não está muito longe.

Analistas esperam novas medidas para conter o Real

Convencidos de que as medidas adotadas até agora pelo governo Lula na tentativa de conter a valorização do real frente ao dólar foram insuficientes, analistas apostam no anúncio de novas propostas ainda em 2010. Admitem que serão paliativas, com efeito de curto prazo, mas necessárias para evitar a continuidade da valorização. As sugestões são de retomada dos leilões de swap cambial reverso, uma nova elevação do IOF e queda de juros, sendo essa a medida com maior chance, segundo eles, de resolver o problema. Os leilões de swap cambial reverso não são realizados pelo Banco Central desde maio do ano passado. A operação é um instrumento de compra de moeda no mercado futuro de maneira a evitar a pressão no presente. O dólar à vista fechou ontem a R$ 1,740 (+0,99%), o nível mais alto desde 1º de setembro deste ano. Em novembro, a moeda acumula valorização de 2,23% e no ano, recuo de 0,17%.
Para o gerente da mesa de operações do Banco Confidence, Felipe Pellegrini, a volta dos leilões teriam efeito apenas pontual. Na avaliação dele, uma taxação maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos externos em ações poderia ser uma alternativa com resultado no longo prazo. “Mas a queda da taxa de juros seria a principal delas”, afirma. Pellegrini disse esperar medidas de caráter duradouro apenas no próximo ano, quando a presidente eleita Dilma Rousseff assumir. “Taxação maior de IOF e corte nos juros teriam um efeito de longo prazo“
Leilões
A economista-chefe da Link Investimentos, Marianna Costa, também acredita na possibilidade de retomada dos leilões de swap cambial reverso ainda este ano como medida de curto prazo mais eficaz para frear a alta do real frente ao dólar. “Além de ser uma ação que pode ter um resultado positivo imediato, ainda tem mais chances de ser aceita pelos investidores, ao contrário da taxação de IOF ou (da adoção de uma) quarentena (prazo que o capital externo teria para deixar o País). O que não pode é deixar de tomar providências nesse sentido”, diz, ponderando que, mesmo com as medidas, a tendência é de desvalorização da moeda norte-americana. Marianna também acredita que ações de caráter duradouro deverão ser implementadas só no ano que vem, mas avalia que seria prematuro um palpite sobre o que pode ser adotado pelo novo governo. Para a economista, a retomada do corte dos juros pelo Banco Central, como sugerem alguns agentes do mercado, não é bem-vinda. “Só agravaria um outro problema, pois esbarraria na questão do regime de metas de inflação, e já estamos com uma inflação pressionada”, afirma.
A taxa de juros, segundo o sócio diretor da Financial Global Advisor, Miguel Daoud, não resulta da vontade do governo ou do Banco Central. “Ela reflete as nossas deficiências e antes de reduzir juros é preciso fazer um ajuste fiscal forte e reduzir a relação dívida/PIB para algo em torno de 20%”, afirma. Mas Daoud acredita que novas medidas já estão prontas. Para ele, o BC deverá retomar em breve os leilões de swap reverso e aumento da tributação sobre investimentos na bolsa e renda fixa.
Fonte:
http://www.oabcred.com.br/?page=noticia_det&id=516
. em 19/11/2010

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